Sinopse
TRAÇA é um projeto de criação artística
sobre o gesto de traçar e anotar movimento
sobre traçar um percurso no território com o corpo
sobre desfazer e esburacar
TRAÇA é ainda um projeto sobre o percurso do ser humano numa relação simbiótica com o seu meio, através de 3 ações: respirar, caminhar e parar. Estas ações serão desenvolvidas enquanto agentes coreopolíticos, agentes que operam através do movimento para uma consciência do corpo e do território. A sua criação acontecerá online ao longo de 2021 através de 12 partituras, três peças sonoras e três vídeos. As partituras serão publicadas mensalmente e os restantes materiais no equinócio da Primavera em Março, no solstício de Verão de Junho e no equinócio do Outono em Setembro. Haverá ainda três workshops com data e local a anunciar.
As três ações que são a base deste projeto, são também três gestos primordiais da humanidade. Esta tríade pertence aos movimentos matriciais do ser humano, respirar o gesto que dá a vida e na sua ausência retira-a. Caminhar o gesto que nos faz avançar e procurar. Parar, o gesto fundamental que intercala todo e qualquer movimento. São também gestos que, ao serem explorados além da sua função de mecanismos involuntários, criam um espaço de profunda reflexão e consciência do corpo, de nós e do mundo. Estes gestos são ainda primordiais a todos os seres que vivem seja em movimento, seja em quietude e acontecem na relação continua e simbiótica com o meio envolvente.
A escritora Clarice Lispector no seu livro Hora da estrela diz: “tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida”. Para além de uma molécula ter dito sim a outra molécula, segundo a ciência uma bactéria comeu outra, teve uma indigestão e ocorreu um canibalismo cósmico. Para além de um canibalismo cósmico foram também necessárias erupções catastróficas e batalhas químicas para o nosso planeta ser tal como é. Só após essas tremendas batalhas é que o oxigénio tornou-se rei da atmosfera e a vida começou a surgir, tal como a conhecemos hoje. Todavia, antes da vitória do oxigénio muito mais aconteceu. Houve uma pré-história da pré-história da pré-história. O universo jamais começou! Sabemos assim que o universo não tem propriamente início e que independentemente da nossa idiossincrasia, pertencemos uns aos outros, vivemos uns dos outros. A vida opera por relação e afeto, por contágio e infeção e não apenas por reprodução.
Ficha Artística e Técnica
conceção e direção: Sara Anjo
colaboração artística: Flora Détraz, Mickaella Dantas e Nádia Yaracema
vídeo e design: Joana Linda
sonoplastia: Artur Pispalhas e Duarte Ferreira (Pista Escondida)
revisão de texto: Ana Luísa Valdeira
tradução: Miguel Cardoso
produção executiva: Cláudia Teixeira
comunicação: Inês Lampreia
gestão financeira e administrativa: Vítor Alves Brotas
produção: agência 25
apoio: Dançando com a Diferença; Fundação Salinas do Samouco e Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (Ilha da Madeira)
residências: Alkantara; O Espaço do Tempo; Estúdios Victor Córdon; Neighbourhood Dance Works
coprodução Teatro Municipal Baltazar Dias
projeto apoiado pela República Portuguesa – Cultura | DGARTES – Direcção Geral das Artes
As partituras, os vídeos e as peças sonoras são objetos cofinanciados por COMPETE 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).